Professor Costa Santos - (...) Portanto, eu disse, e disse-o em tempo, que a repetição de interrogatórios pelos mais diversos técnicos, e fi-lo creio que logo na primeira audiência, portanto, em que participei, portanto, é susceptível de contaminar o discurso, de levar, portanto, as pessoas a preencher, portanto, determinado tipo de lacunas de memória que tenham. Portanto, eu diria que essa contaminação é quase inevitável. Portanto, citei até alguns números, o número, mas isso não, não se passa apenas em Portugal, passa-se em vários países, o número de inquiridores, portanto, muitas vezes excede a dúzia, antes de serem observados, bom incluindo naturalmente também peritos, antes de terem portanto, digamos, antes de terem uma observação, portanto, pericial concertada. Portanto, é evidente que isto, isto, é claro, acontece em matérias de abusos sexuais como acontece noutro tipo de situações, sendo certo que no caso de abusos sexuais pode naturalmente revestir-se de especial acuidade. Portanto, é evidente que isso pode acontecer, portanto, haver contaminação, pode haver inquinação, portanto, não necessariamente. Eu diria que isso tem a ver com técnicas de interrogatório.(...)

Professor Costa Santos - Portanto, a questão prende-se com a credibilidade das declarações, do relato, se quisermos. Essa é que é a questão nuclear. A questão da veracidade foi introduzida aqui, penso que por desvio de interpretação de algo que tem a ver com o facto de seguirmos protocolos e seguirmos guide lines, se quisermos, regras ou recomendações de actuação, como o SVA, que é o Statement Validity Analisys, que fala da validade das declarações, o facto de existir também algo que para nós é uma referência, e é uma referência de há muito tempo, que é o SRA, o Statement Reality Analisys, e quando se fala aqui em Statement Reality Analisys, da análise da realidade do depoimento, das declarações... E o facto de estas... de se ter feito, porventura... A colega Alexandra Ansiães aqui, por... por manifesta... por manifesta... Nunca tinha sido colocada sobre esta questão, sobre esta questão concreta, terá feito uma extrapolação, eu diria, quase literal daquilo que é a linguagem anglo-saxónica e daí ter utilizado a validade, mas é evidente que nós não validamos testemunhos, não validamos declarações...